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O mestre holandês dos padrões geométricos simétricos foi sempre mau aluno a matemática mas ao longo da sua vida produziu dezenas de desenhos onde estão implícitos os conceitos de simetria, dualidade, infinito, auto-similitude, recursividade e 3-dimensionalidade. Em 1919 entrou na universidade de Harleem com o intuito de estudar arquitectura. Incentivado por um dos seus professores, Samuel Jessurun de Mesquita (1868-1944) depressa se concentrou apenas nas artes gráficas.

Samuel J. de Mesquita influenciou fortemente Escher e tornou-se seu mentor e amigo pessoal. De Mesquita era filho de judeus portugueses e foi deportado com a família da Holanda para Auschwitz no ínicio de 1944, onde morreram todos. O Gemeentemuseum em Haia vai fazer uma exposição retrospectiva da sua obra entre Dezembro de 2005 e Março de 2006.

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Irreverentes, absurdos, sádicos, hilariantes e ainda bem.
Os 2 acima - "O rapaz que chutava porcos" de Tom Baker e "A morte melancólica do rapaz-ostra" de Tim Burton (sim, o realizador!) - juntamente com o "Os coelhinhos suicidas", de Andy Riley já referido num post anterior formam uma trilogia de boa disposição. Qualquer deles existe em versão portuguesa com boa tradução. O do Tim Burton tem ilustrações magníficas do próprio e uma bela encadernação, o papel e a capa são fabulosos e têm verdadeiro cheiro a papel. Os 2 acima costumam estar na secção infanto-juvenil das livrarias, vá-se lá saber porquê. São livros que não aconselho nada como prenda de Natal para crianças. Vão ter pesadelos para o resto da vida... Enfim talvez para os filhos do nosso chefe!

japan report imagem indisponivel



Mas a Europa e os EUA não são os únicos a braços com iliteracia cientifica. O governo Japonês também realizou um questionário em 2001 e comparou os resultados com os dos Estados Unidos e os de alguns países europeus. O panorama japonês não é diferente do dos outros países. Algumas conclusões:

- A população japonesa tem menos interesse por C&T que os cidadãos americanos e que os cidadãos da maior parte dos países europeus (excepto no que concerne à poluição do ambiente). Curioso: Os japoneses andam sempre pelos 40-50% de interesse em vários itens (descobertas da medicina, inventos tecnológicos, etc...) a par de Portugal, que nalguns casos os ultrapassa em interesse.

- A população japonesa tem menos conhecimentos de C&T que os cidadãos americanos e que os cidadãos de alguns países europeus, mas a literacia cientifica japonesa aumentou nos últimos anos. As questões colocadas nesta parte do questionário foram as mesmas que surgiram nos inquéritos europeu e americano.

-A TV e os jornais são os principais meios de informação sobre C&T no Japão.

Esta série de posts veio a propósito da semana da ciência e tecnologia que decorreu de 22 a 28 de Novembro. 24 de Novembro era mesmo o dia nacional da cultura científica. As universidades e centros de investigação desdobraram-se em iniciativas mormente através do ciência viva (466 eventos previstos a nível nacional para 2004) , mas nos meios de comunicação quase ninguém deu por ela.

No Japão, nos EUA ou na Europa, a população é unânime, a informação sobre C&T chega-lhes pela TV! Viram alguma informação sobre a semana da C&T na televisão portuguesa?? Talvez a cobertura de eventos que … já foram. Os meios de informação não estão atentos ou são os organizadores de eventos que não fazem press releases?

Uma vista de olhos pelos jornais de sexta-feira passada diz tudo: Público – Nada sobre a semana da C&T, DN- Nada; Expresso on-line Nada; JN- Nada; Correio da manhã –Nada; Primeiro de Janeiro- 1 notícia sobre uma actividade para crianças em Vila do Conde!

No final desta semana o que ficou a população portuguesa a saber sobre a ciência que se faz em Portugal? O que investigamos? Porquê? Como? Quem o faz?
- Provavelmente nada!


literacia EUA e Europa 2001



Ainda a literacia científica. Os EUA começaram a preocupar-se com a literacia científica dos cidadãos há mais tempo que a Europa. Nos EUA, a NSF (National Science Foundation) faz estudos para caracterizar o grau de literacia científica dos cidadãos desde 1979. Em 2001, os cidadãos americanos fizeram um questionário com as mesmas perguntas que os europeus, questionário esse que referi no post anterior. Os resultados deste inquérito e uma comparação entre os cidadãos norte-americanos e os europeus está em:

http://www.nsf.gov/sbe/srs/seind04/c7/c7h.htm

O inquérito é parte de um documento mais vasto sobre indicadores de ciência e tecnologia nos EUA que também vale a pena ler, para quem estiver interessado. A webpage em que se apresentam os resultados do questionário está muito bem feita (uns furos acima da webpage que apresenta o inquérito europeu, pouco interactiva), tem uma bibliografia extensa e permite ver alguns dados em formato excel. Os resultados apresentados sob a forma de figuras estão excelentes e as conclusões revelam um trabalho de análise de resultados bem feito.


Os resultados norte-americanos permitiram concluir entre outras coisas que :

- Os Americanos apesar de expressarem um forte apoio à ciência e à tecnologia e terem interesse pelo assunto (90% disse ter interesse), não estão bem informados sobre estes assuntos.

- A maioria de adultos americanos recebe informação sobre C&T maioritariamente pela TV. Os meios de informação escritos surgem em segundo lugar, mas a grande distância da TV.

- A compreensão de assuntos tecnológicos por parte do público fica muito aquém do interesse que o mesmo público diz ter por esses assuntos.

- Os livros sobre ciência influenciam a cultura popular e o debate público de questões políticas.

- A capacidade para responder a questões científicas não sofreu alterações entre 1990 e 2001. Ou seja o conhecimento científico do cidadão americano não melhorou neste período.



Note-se uma série de coisas que os americanos e os europeus parecem ter em comum:

- Interessam-se por C&T, mas não estão bem informados sobre o assunto e os seus conhecimentos são muito menores que o interesse que dizem ter.

- A TV é o meio privilegiado para recebem a informação sobre C&T.

- Os conhecimentos de C&T da população não melhoraram nos últimos anos.



Estes resultados parecem querer dizer que os investimentos/esforços estatais em programas de divulgação de ciência e tecnologia, quer na Europa quer nos EUA, não têm sido eficazes. Ou, em alternativa, outra leitura que se pode fazer é a de que existe apenas uma pequena parte da população, que se mantém mais ou menos constante em número, que quer realmente saber C&T e tem capacidade para apreender e aplicar conceitos de C&T. Por outras palavras a literacia científica estaria apenas ao alcance de um conjunto restrito de cidadãos qualquer que fosse o esforço estatal para a combater. Qualquer destas conclusões é extremista e para já, que eu saiba, não há estudos concretos que façam luz sobre as razões de a literacia científica não melhorar após anos de investimento para a combater.



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Os portugueses são piores ou melhores que os cidadãos de outras nações no que concerne à literacia científica?



Na comunidade europeia (15) foram feitos inquéritos à cultura cientifica dos cidadãos em 1996 e em 2000. As mesmas perguntas foram feitas nos diferentes países. A ficha técnica do inquérito e os resultados portugueses estão em :

http://www3.oces.mcies.pt/?opcao=4&tema=42

Os resultados incluem uma análise da evolução da situação portuguesa entre 1996 e 2000. Uma das principais conclusões para o inquérito aos Portugueses em 2000 é que o interesse por assuntos científicos e tecnológicos é grande mas os conhecimentos/informação sobre esses assuntos são escassos.



Os resultados a nível europeu estão em:

http://europa.eu.int/comm/research/press/2001/pr0612en.html

com a vantagem de se poder fazer download do relatório em pdf, ao contrário do site português que não permite guardar nenhum ficheiro, não tem uma boa análise de resultados e vem acompanhado de umas conclusões paupérrimas. Tal como para Portugal, o panorama europeu é de que há elevado interesse público por assuntos científicos e tecnológicos mas escassez de informação/conhecimentos sobre os mesmos, ou seja existe um distanciamento entre a sociedade e a ciência. Apesar de existir interesse por assuntos científicos e da ciência ter uma boa imagem junto do público o número de jovens que não está interessado em seguir carreiras cientificas é cada vez maior. Outra conclusão a nível europeu mostra que a literacia cientifica da população europeia se mantém estável desde 1992. Os suecos e os dinamarqueses foram considerados os mais bem informados dos 15 sobre C&T.



Uma análise das tendências nacionais comparadas com as dos outros membros dos 15 revela que os portugueses :

- São os menos informados sobre ciência e tecnologia (73,2% afirmam estar mal informados).

- Não gostam de ler artigos sobre C&T (78.7% afirmam raramente ler sobre C&T).



A figura no topo deste post é da autoria de A. C. Moutinho e M.M. Godinho (ISEG, UTL) e foi utilizada pelos autores numa apresentação intitulada “S&T culture: A blooming dimension” na 8ª conferência de indicadores de C&T realizada em Setembro de 2004. Estes autores fazem uma boa (e interessante) análise da situação portuguesa e sua comparação com os 15.



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Uma pessoa formada em ciências é considerada inculta se não souber quem é o José Saramago, mas o José Saramago não é considerado inculto se não souber o que é um caudal!

Estará isto correcto? Não deveriam todos os cidadãos ter uma cultura científica mínima? Abaixo de um certo limiar não deveriam ser considerados iletrados?

A ciência e a tecnologia são universalmente reconhecidas como muito importantes no mundo actual mas o cidadão comum acha que não ter quaisquer conhecimentos científicos é normal e não é falta de cultura.

Ter conhecimentos em arte e literatura é cultura, ter conhecimentos em matemática e química não. Esta espécie de mito está enraizada em toda a sociedade portuguesa. E ainda não vi em nenhum lado uma explicação para ela.

A maior parte das pessoas ainda não se apercebeu de como isto é grave; outras já se aperceberam. Em entrevista ao “Primeiro de Janeiro” em Março deste ano, o físico Carlos Fiolhais diz:



“…ciência e cultura são indissociáveis, apesar de haver ainda quem não tenha consciência desse facto óbvio. Se há um século o problema das sociedades mais atrasadas era a iliteracia, hoje o problema das sociedades menos desenvolvidas é a iliteracia científica. A ciência é o conhecimento do mundo e só pode triunfar no mundo quem o conheça. Um cidadão de hoje e, ainda mais, um cidadão de amanhã, para poder viver melhor, tem de ter um conhecimento mínimo do mundo e ter uma ideia, ainda que rudimentar, do modo como se ganha esse conhecimento. A cultura científica é não só a posse de alguns factos da ciência mas também e sobretudo o reconhecimento do papel e do valor da ciência: trata-se de uma necessidade incontornável das sociedades modernas. É certo que muitos dos nossos ministérios e organismos públicos parecem viver à margem da ciência. O ministério da cultura na prática só reconhece certas formas de cultura.”



Em 1996 a National Academy of Sciences americana definiu literacia científica:



“A literacia científica significa que uma pessoa pode procurar , encontrar, e determinar as respostas a questões derivadas da sua curiosidade sobre as experiências do dia a dia. Significa que a pessoa tem capacidade para descrever, explicar e predizer fenómenos naturais. A literacia científica inclui o ser capaz de ler e compreender artigos sobre ciência na imprensa pública e envolver-se numa conversação sobre a validade das conclusões. Implica que uma pessoa pode identificar questões problemáticas subjacentes a políticas nacionais e locais e expressar posições científica e tecnologicamente informadas. Deve ser capaz de avaliar a qualidade da informação científica com base nas fontes e métodos para a gerar. Implica a capacidade de colocar e avaliar argumentos baseados na evidência e de aplicar apropriadamente as conclusões a partir desses argumentos”.



Uma definição mais concisa e que me agrada mais foi usada em 1997 por Koballa et.al.( “The spectrum of science literacy”, The Science Teacher, 64(7): 27-31):

“ O conhecimento e a compreensão de conceitos e processos científicos necessários para se tomarem decisões individuais, para a participação cívica e cultural e para se contribuir para a produtividade económica.”



O problema da iliteracia cientifica não é só português. Tanto os EUA como vários países europeus têm-lhe dedicado particular atenção desde há várias décadas.



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Um Ligre (esquerda) é um felino híbrido que resulta do cruzamento de um leão macho com um tigre fêmea, um Tigão (direita) resulta do cruzamento inverso. Um Ligre tem riscas e manchas e é o maior felino vivo conhecido, com um tamanho semelhante ao de um pónei e com cerca de 500 kg. Os Tigões tendem a ser mais pequenos que os progenitores e são mais raros. Uma explicação genética para esta diferença de tamanho das crias e para a elevada mortalidade dos tigões pode ser lida em:

http://www.members.aol.com/jshartwell/hybrid-bigcats.html

Como todos os híbridos, tanto o Ligre como o Tigão são estéreis, embora surjam casos muito raros em que são férteis. Quando são férteis e produzem descendência, os filhotes têm nomes curiosos: Tiligre (pai Tigre, mãe Ligre), Litigão (pai leão, mãe tigão), etc...

Este tipo de cruzamento interespécies não ocorre com frequência na natureza sendo mais comum em cativeiro. Não é comum tigres e leões em liberdade misturarem-se pois os seus habitats são diferentes. E ao contrário do que se julga não existem tigres em África só na Ásia.

Conhecem-se outros tipos de felinos híbridos como os Pumapardos, os Jagliões e os Leopões!







Fotografias aereas fabulosas da construção de um aeroporto sobre a água na Nigéria. As fotografias mostram todas as fases do processo de construção: Desde a massa de água inicial, passando pelos aterros, até ao enorme aeroporto final com uma ponte a fazer a ligação à parte continental.

Lagos, a antiga capital da Nigéria, com cerca de 10 milhões de habitantes, é uma das cidades mais populosas do planeta. Em 1992 a população da cidade era apenas de 1,3 milhões!

A Nigéria tem uma população extremamente jovem (48% da população tem menos de 14 anos) e empreendedora, apesar das condições de vida serem muito más por padrões ocidentais.

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Após as eleições nos EUA o mundo chegou a um ponto em que nem os coelhinhos querem viver!Humor negro com fofos coelhinhos muito imaginativos que surge agora em tradução portuguesa. O autor, Andy Riley, é conhecido principalmente como argumentista de séries de TV. Foi o argumentista de:

- Robbie the Reindeer in Legend of the Lost Tribe (2002) (TV)- animação que ganhou um Bafta .

- TV to Go (2001) (TV) .

- episódios 3.04, 3.1 e 3.3 de Smack the pony (1999) (TV).

- episódio 3.01 de Black Books (2000)- passou na Sic radical há uns tempos.

Para quem já leu os bunny suicides acima existe uma sequela: "return of the bunny suicides" de 2004. Ainda não o vi em Português mas espero que seja para breve...