nanook

Nanook, o esquimó é um filme de Robert J. Flaherty feito em 1922. É considerado o pai dos documentários por ter sido a primeira longa metragem da história do cinema a apresentar este tipo de abordagem. Contudo não pode ser verdadeiramente considerado um documentário pois a maior parte das cenas do filme apesar de mostrarem o quotidiano esquimó foram encenadas para a câmara. Flaherty com o seu interesse etnográfico e o desejo de registar o que o rodeava transformou-se de explorador e prospector profissional em realizador. Neste filme são de realçar as dificuldades técnicas de filmar no árctico com apenas 2 câmaras arcaícas que resistiram bem à humidade e a película usada que realça os azuis.

O filme retrata a vida de uma família verdadeira de esquimós ao longo de um ano com filmagens in loco do seu duro dia-a-dia. A caça, a pesca, as migrações, o comércio de peles, a construção de igloos e todas as dificuldades da vida sem tecnologia de 1922 num clima extremo como o do árctico são-nos mostradas nos 79 minutos que dura o filme. A preto e branco e com intertítulos seguimos a família do espontâneo Nanook– o pai, as suas 2 mulheres e os 2 filhos, um deles bebé, nas suas deambulações. Ficamos a saber que pescar à mão com um arpão exige destreza, que os salmões depois de pescados são mortos à dentada, que os esquimós da altura comiam foca crua, que por baixo das roupas feitas de pele estavam nús (incluindo o bebé que não apresenta nada que se pareça com uma fralda), que uma canoa pequena leva muita gente fora de vista, que se podem construir igloos só com um facão e que as tempestades para aquelas bandas podem matar mesmo quem é muito experiente.

O filme foi rejeitado por vários distribuidores mas quando estreou revelou-se um sucesso de bilheteira estrondoso. A curiosidade do público foi espicaçada pelo facto de Nanook ter morrido meses depois de terem terminado as filmagens. Morreu de fome. Encontrar comida onde nada cresce é um caso de vida ou de morte.