freaks


Freaks (1932) de Tod Browning foi adaptado de um conto intitulado Spurs é isso mesmo, um desfile de gente bizarra. Um leque de anões, várias pessoas sem braços ou pernas, um hermafrodita, 2 irmãs siamesas, gente microcéfala e figuras bizarras afectadas por sindromas genéticos variados. Não existem efeitos especiais e os actores são mesmo pessoas deficientes. Tudo bem regado com sotaques estrangeiros (2 dos anões são alemães e outra personagem é feita por uma francesa) e uma história de terror.
O expoente máximo é o sr. Prince Randian nascido na Guiana que não tinha braços nem pernas, conhecido pelo torso vivo, uma espécie de salsicha humana. O actor viveu até aos 60 e tal anos, teve 5 filhos e conseguia fazer coisas como fazer sozinho a barba, acender um fosfóro, enrolar um cigarro e acendê-lo apenas com a boca. Movimentava-se arrastando-se sobre a barriga. Falava fluentemente 4 linguas ( hindu, inglês, francês e alemão).

freaks
Prince Randian

Mas o objectivo de Browning com este filme não era mostrar uma galeria de anormais. Longe disso, a história tem uma moral e Browning que em adolescente fugiu de casa para se juntar a um circo itinerante mostra uma grande ternura pelos actores. Browning, um desalinhado anti-glamour ao fazer dos deficientes os heróis do filme e dos fisicamente normais os vilões, subverte o convencional e mostra-nos que a beleza é mais espiritual que fisica. Beauty is in the eye of the beholder!
O filme foi muito mal aceite pelo público, emprateleirado pela MGM e proibido em alguns países. Reapareceu em 1962 no festival de Cannes tendo-se tornado imediatamente num filme de culto de sucesso.

tod browning
Tod Browning e vários actores de freaks.

Dos actores, apenas uma minoria eram actores profissionais, a maior parte pertencia a circos itinerantes. Grande parte deles foi imortalizada pelo fotógrafo Edward Kelty que fotografava cocktails em Manhattan, mas tinha como hobby nos tempos livres fotografar circos e carnivales, de preferência grandes fotos de grupo.

kelty

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fotografias de E. Kelty

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